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Edição mais gay da história do Rock in Rio tem brasileiro assumido fera do heavy metal

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Sim, senhoras e senhores, nunca na história do Rock In Rio tantos artistas gays e lésbicas assumidos subirão aos palcos do festival, que vai tomar a cidade a partir desta sexta-feira. E tem para todos os gostos, do pop ao metal. Os mais badalados, sem dúvida, são o cantor Sam Smith e o vocalista convidado pelo Queen, Adam Lambert. Os dois derrubaram os armários e estão em evidência no mainstream, mas Sir Elton John e o tributo à inesquecível Cássia Eller também prometem colorir o país nos dias de música.

Vem do heavy metal o artista gay brasileiro a tocar na Cidade do Rock. O guitarrista Vini Castellari, da banda Project46, declarou abertamente sua sexualidade quando do lançamento do primeiro álbum do quinteto paulista. No Facebook, ele posta fotos e vídeos de shows do grupo, de bandas que admira e também faz militância, tanto protestando contra atos de violência contra homossexuais como postando foto ao lado do namorado.

Guitarrista da banda Project46 abordou homossexualidade para fãs e recebeu resposta positiva.Foto: Reprodução / Facebook

Guitarrista da banda Project46 abordou homossexualidade para fãs e recebeu resposta positiva.Foto: Reprodução / Facebook

Castellari ressaltou, e que a reação da banda e dos fãs foi de apoiá-lo no momento que decidiu expor publicamente sua orientação sexual. Ele contou ao portal G1:

“Recebi várias mensagens de pessoas que sabem qual é o sofrimento. Porque tem uma transição: tem gente que já sabe desde o começo e tem gente que se descobre depois. Imagina uma pessoa que tem o estereótipo como eu: cabeludo, barbudo, metaleiro. Tem trocentas mil pessoas assim, mas às vezes têm uma dificuldade de aceitação própria. Imagina abrir isso para outras pessoas? Mas foi o contrário: o preconceito às vezes está na cabeça da própria pessoa. Porque os caras da banda foram os que me deram mais apoio.”

Em entrevistas ao redor do mundo, o romântico Sam Smith defende que gays falem com a mesma naturalidade de sua homossexualidade como falam os héteros. E foi assim, ao vencer quatro prêmios Grammy, que ele dedicou a vitória ao ex-namorado que o inspirou ao escrever as músicas de dor de cotovelo que conquistaram o mundo. “Obrigado por partir meu coração. Você me deu quatro Grammys”, lacrou.

Ao comentar um filme que acabara de assistir, Smith protestou no Twitter contra a violência motivada por ódio sexual que comete LGBTs ao redor do mundo:

“Fico tão chateado ao pensar nas centenas de milhares de homens e mulheres gays no mundo que passam tanta dificuldade só por querer amar quem eles amam. Isso me deixa tão triste e às vezes culpado por ter essa simples liberdade que outros não têm. Desculpe ser tão profundo, mas isso me mata. Eu não entendo o porquê de mais de nós não fazermos nada a respeito”
O cantor não hesitou em denunciar ataques homofóbicos que sofreu no Instagram. Um grupo de idiotas criou a conta “We hate faggot Smith” (Nós odiamos o viado Smith).

Smith dedicou os prêmios Grammy ao ex que "partiu seu coração". Foto: Divulgação

Smith dedicou os prêmios Grammy ao ex que “partiu seu coração”. Foto: Divulgação

A página acabou excluída após a reação do artista “Isso realmente não me ofende, porque eu já estou acostumado quando se trata desse tipo de besteira. Mas eu queria compartilhar isso com todos, para que vocês possam ver como a homofobia ainda está tão presente na nossa sociedade”, disse ele na rede social. “Se alguém me chama ‘bicha’, é tipo ‘sou gay e tenho orgulho de ser gay’, por isso não há problema”, declarou em entrevista a uma emissora de TV australiana.

Se em 1985, Freddie Mercury estava no armário quando colocou a multidão para cantar o hino Love of My Life, em 2015 o QUEEN volta ao Brasil com um vocalista que escancara o closet. Adam Lambert já chocou a sociedade norte-americana ao aparecer em uma apresentação ao vivo na TV simulando sexo oral com um rapaz, fato que lhe rendeu o veto a uma nova aparição no canal. Vice-campeão do American Idol, em 2012, Lambert foi o primeiro homossexual assumido a liderar uma parada da Billboard com seu single de estreia após o fim do reality.

Lambert vem ao Rock in Rio com o Queen  com o closet escancarado. Foto: Divulgação

Lambert vem ao Rock in Rio com o Queen com o closet escancarado. Foto: Divulgação


Meninas vêm em peso no Tributo para Cássia Eller

Uma das artistas mais transgressoras da história da música brasileira será lembrada na edição de 2015 do festival. Cássia Eller, que fez uma apresentação avassaladora na edição de 2001 do Rock In Rio, será homenageada por amigos. Cássia, que nunca escondeu sua preferência afetiva e sexual por mulheres e o tesão por homens, foi – enquanto viva e mesmo após a morte – uma libertária. Sua presença no palco, sempre contestadora, falava por ela e por muitos meninos e meninas e que admiravam ou até se reconheciam naquela imagem explosiva. “Com todo o respeito , eu acho legal acabar com qualquer tipo de formalidade”, ironizou em entrevista à revista Marie Claire.

Na mesma publicação, Cássia falou com carinho de sua companheira, Maria Eugênia. “Acho que encontrei a pessoa certa. Dei uma sorte danada. É um absurdo o tanto que a gente se dá bem, se completa. Isso é uma coisa louca. E ela sempre foi muito paciente comigo”, definiu.

Cássia e Maria Eugênia viveram juntas por 15 anos. A cria dessa relação, o agora jovem Chicão, deve subir ao palco na homenagem à mãe. Após a morte de Cássia, a guarda do menino Chicão foi disputada pelo pai da cantora e por Maria Eugênia. Pela lei vigente na época, caberia ao avô da criança o direito de ficar com o menino. Mas, numa decisão inédita, a Justiça deu a guarda à mulher que Cássia escolheu para amar, viver e cuidar de seu filho. Foi o primeiro caso que se teve notícia no país da guarda de uma criança concedida a uma mulher em uma relação homoafetiva.

Ao lado de Chicão, estarão no palco, entre outros artistas, a percussionista Lan Lan, amiga íntima de Cássia com quem dividiu o palco na última turnê, e as cantoras Zélia Duncan e Martnália. A filha de Martinho da Vila, em declaração recente sobre sua homossexualidade ao site Ego, saiu com mais uma pérola característica do seu conhecido bom humor. “Meu pai tem as mulheres dele e eu tenho as minhas”.

Chicão deve se apresentar no tributo à mãeno Rock In Rio.Foto: Divulgação

Chicão deve se apresentar no tributo à mãeno Rock In Rio.Foto: Divulgação

Mais reservada quanto a declarações sobre sua sexualidade, Zélia foi notícia no início deste ano ao casar oficialmente com a atriz Claudia Netto. Em fotos postadas nas redes sociais, elas exibiram as alianças de compromisso com orgulho. “Eu não preciso falar nada em público se eu não quiser, mas isso não significa que eu esteja envergonhada, me escondendo ou dentro do armário”, disse Zélia à Revista Época.

E o texto não pode terminar sem falar dele, o artista mais engajado mundialmente contra a homofobia. Claro que estamos falando de Sir Elton John. A história do músico contra o preconceito é tão extensa que mereceria um texto apenas para ele, por isso, focaremos apenas em suas lutas mais recentes.

Em 2014, ele se tornou o primeiro cantor pop de reconhecimento internacional a se casar oficialmente. John e o cineasta David Furnish já estavam juntos há 21 anos e, em 2005, assinaram os documentos da união civil. Com a aprovação do casamento igualitário na Inglaterra, o casal pôde, enfim, casar no país.

John e Furnish são pais de duas crianças geradas por inseminação artificial em barrigas de aluguel: Zachary, de 4 anos, e Elijah, 2 anos.

O popstar comprou briga com o presidente homofóbico russo Vladimir Putin, que instituiu leis que restringem dos direitos dos LGBTs no país. Em 2013, fez um show em Moscou e, desafiando a norma promulgada por Putin que proíbe a divulgação da causa gay, dedicou o show a um jovem russo morto por homofobia. “Eu, como um homem gay e um músico gay, não consigo ficar em casa e não apoiar essas pessoas que foram tanto aos meus shows no passado”, disse ele.

Pai de duas crianças, Sir Elton John promete grande show no festival

Pai de duas crianças, Sir Elton John promete grande show no festival

Nos últimos dias, voltou a criticar Putin publicamente após declarações do líder russo contra o avanço de políticas contra o preconceito. “Me dá um tempo com tanta idiotice que você diz”, soltou John. Ele se propôs a um encontro com o presidente, mas até agora conseguiu apenas receber um trote de comediantes que o fizeram cair em uma pegadinha.

Outro tema caro ao cantor foi o boicote à grife Dolce & Gabanna. Em entrevista a uma revista italiana, Domenico Dolce chamou de “crianças sintéticas” os bebês filhos de casais gays gerados através de inseminação artificial. Para que mexer com quem estava quieto? Elton John respondeu num ataque curto e direto à besteira dita pelo estilista, conclamando ao boicote da marca:

“Como você se atreve a chamar minhas crianças de ‘sintéticas’? Deveria ter vergonha de criticar a fecundação in vitro, um milagre que permitiu pessoas cheias de amor, heterossexuais e homossexuais, de realizarem seu sonho de ter filho. Seu pensamento é arcaico e está fora de sintonia com os tempos, assim como sua moda Eu nunca mais vestirei Dolce & Gabbana”.
Sir Elton John mantém uma fundação que atua em diversos países financiando projetos relacionados ao combate à discriminação contra soropositivos e ao financiamento de projetos científicos que auxiliem no combate à doença.

O Rock in Rio começa nesta sexta-feira com uma homenagem aos 30 anos do festival. Artistas nacionais darão uma canja no Palco Mundo. E o ídolo deste blogueiro, o fundamental Ney Matogrosso, vai lacrar cantando a necessária música Rua da Passagem. Se liga em alguns dos versos da canção. (Travesti trabalhador turista / Solitário família casal / Todo mundo tem direito à vida / Todo mundo tem direito igual) Precisa dizer mais alguma coisa?


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